terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Olhares e percepções de si mesmo






O outro nos define, nos diz quem somos e como somos. Então, perceber-se é buscar na imagem de nós, projetada pelo outro, aquilo que somos. Entre o que o outro diz de nós e o que vemos em nós, nos vemos. Às vezes não nos vemos. Não nos vemos quando negamos o outro, o outro que há em nós e o outro que fala de nós. A percepção de si mesmo, os traços do que se é são confrontados com os traços dos outros. Com os traços de reminiscências, heranças, contextos, tempos, histórias. Para nos percebermos precisamos sair de nós mesmos, nos ver de longe para ver. Nos colocar entre as coisas, os seres, a dor, a emoção, os projetos, os ideais e as ideias. Buscar em si o tecido de si mesmo na história que se vive e faz por entre afirmações, negações, re-afirmações.Perceber-se é um desafio. Quem se percebe, se vê, se aceita, se encontra e, ao se encontrar, encontra o sentido de perceber-se, de ser para si, de ver-se em si mesmo e no outro. Os olhos e olhares anunciam, denunciam, afirmam, negam. Os olhos e olhares expressam dor, alegria, medo, tristeza, contenteza, angústia, inquietação, prazer, busca. O olhar é metafórico. O olhar depende de quem olha, de como se olha, de onde se olha e quando se olha. Diz-se dos olhares críticos, dos olhares doces, dos olhares, negativos, dos olhares negros. Há quem diz que o olhar é uma janela, um espelho, uma lupa. O olhar é inquiridor. Olhar para si mesmo é uma inquirição. Quando olhamos para nós, buscamos pela pessoa que somos, pelo que nos constitui, pelas nossas origens, raízes ou pelo que devemos ser, pelo que seremos. Há muitos pontos em nós, muitas veredas a serem olhadas. Há muito que ver em cada um de nós. Ao olhar para mim, descobri que gosto do que faço porque gosto de mim e este gostar só foi e é possível porque me permiti olhar para o ser que sou. Quem não se olha, não se vê, não se gosta, não consegue se amar – amor entendido como respeito: respeito a si mesmo, ao outro, à vida. Este olhar-ver é minucioso, detalhista, revelador. Revela a inteireza do ser que se é; a inteireza da sua história de relações e interações nos mundos-mundo. Fascinantes são os diversos olhares que nos permitem ver o que somos: olhares do cientista, do religioso, do poeta, do filósofo, do educador, do artista, do economista, enfim, há muitos olhares que nos permitem ver o que somos e como somos.




NOGUEIRA, Valdir. 

Um comentário:

  1. O que realmente sabe mais é o que tenta entender e não o que acha que já sabe. (NeoqJav)

    ResponderExcluir