domingo, 9 de dezembro de 2012

Oikos Passageiro


 
 
Às vezes escuro. Temperaturas se alternam. Movimento interno violento. Força que cala e desinstala. Fusão necessária. Ebulição emergente. Do calabouço aos porões e destes aos sulcos dos vales. Andante incessante. Navegador desorientado. Descalço, desalentado, frívolo e efervescente. Indefinida forma. Composição extraída das entranhas. Casulo atemporal. O que responde à dúvida e à incerteza? A própria dúvida incerta. O que reponde à resposta? A pergunta que ela enseja. Variação multiforme. Medo fluido. Nascedouro. Rompe as mais difíceis intempéries. Atravessa os acasos. Escutador dos ventos e dos silêncios. Acessa as tramas. Trama os acessos. Transforma a Opacidade. Segue a espiralada trajetória. Inusitada alquimia. Feitiçaria inconsciente. Movediça sombra. Modelagem singular. Marca que se projeta. Crivo inegável. Observados os observantes. Alto e íngreme. Trânsito afetado. Conteúdo descabido. Variação interconexa. Frágil corpo. Vida incerta. Instantes metamorfoseados. Entranhas se dissipam em complexas redes. Alternâncias coagulantes. Sem distorção, nem alucinógenos. Dor e vazio. Camadas se rompem. Fissuras expandem-se. Traços multicoloridos. Linhas interdependentes. Espasmos caóticos e delirantes. Dreno incessante.  Chegar do outro lado. Sentir a outra forma. Mais uma espera. Outra transformação. Cálida luz. Circundante balanço. Foi assim o processo que constituiu a forma.
 
 
E a forma, por sua vez, deu vida ao processo. Forma e processo agora são o que o casulo permitiu ser. Guardião espaço-temporal da transmutação. Oikos passageiro. Ventre da certeza-incerta. Guardador de frágil embrião. De fora sem olhar para dentro. De dentro desejando olhar para fora. Dentro e fora do que está dentro e do que está fora – novelo, ninho e nó. Superação demasiada. Força absurda. Vôo necessário. Interpenetram-se as variadas dimensões. Olhares, sentidos e espelhos se amplificam. Viver o que é possível no inacabado corpo e na im-perfeita forma é o que define a transição entre forma anterior – de fora e de dentro, que agora é dentro e fora da forma que não conforma. Carregada força vital que fez do in-definido escuro de outrora o claro e colorido sobrevôo definido de agora. A vida é recolocada na paleta e o artista redefinirá a forma na tela ainda não esboçada. Rabiscos são alinhavados pelos noviços ziguezagues sobre jardins. O novo sopro segue sua travessia explorando pigmentos, odores e sabores. Os instantes se redefinem. O viver se refaz. Como num longo e talvez, curto caminho, a vida se estampa. Projeta-se no in-defindo projeto de estar no tempo-espaço que lhe escapa e lhe define projeto em ser.
 
 
 
 
DbNog.