Escrever o Nada. Não saber. Não querer. Não poder. Insatisfação. Produção de medo e revolta. Desejo puro de sair em disparo. Perturbação da alma. Fogo sobre água. Terrível inverno que não passa. Peso de alma que não se encontra. Angustiosa insônia. Gélida noite que não termina. Insano sistema que aprisiona. Corrupto e insólito discurso que se alastra. Falsa denominação. Identidade perversa. Covil de lobos. Alcatéia negra. Não passa o tempo. Não acaba a espera. Não cessa o choro na fenda interna. Disfunção crônica e dúbia. Nada de resistência. Nada de enfrentamento. Correntes que maltratam. Feridas abertas. Sanguinária maquinaria que não se pode ver. Ilusório céu dos deuses. Mentira escancarada. Tudo foi. Tudo é. Nada que se faz tudo. O tudo que nada é. Estranha ditadura. Perpetuação do infeliz. Distúrbio dos nobres. Pavões da realeza. Comida de leões. Fétidas couraças. Desajustados ângulos visionários. Maltratam com benevolência. Seqüestram subjetividades. Denigrem os espaços e tempos do porvir. Nada. Apenas nada. Buraco teórico. Mármore depositário. Onde podes e com quem podes? Onde ficas e com quem ficas? Corpo fraturado. Espelho negro. Torrente que sufoca. Vida que escapa. Suspiro que some. Mudez que se alavanca. Quantificação do absurdo. Negação do autêntico. Subserviência projetada. Abismo camuflado. Nada além. Nada aquém. O tudo nada foi. Esquecimento e deterioração. Abandono. Desassossego e inércia. Raça imprópria disfarçada de cordeiro. Áspero chão que consome. Território dissipador. Vento insano. Contra o nada. Pulsão que não se curva. Grito de liberdade. Lágrima sincera. Roubo violento da vida. Violação do sonho.
DbNog.
NOGUEIRA, Valdir.