segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Compartilhando vidas


A vida plenamente vivida, não nega a tristeza, o frio, o escuro, o vazio; não esquece os motivos para se alegrar e sorrir. Na sua dinâmica, se faz teia. Nessa vida assim vivida, a felicidade pode e deve ser entendida como um tempo de espera das coisas que irão acontecer, mas também, um tempo do acontecido; um tempo para o novo, para o desconhecido; um tempo para esperar o tempo; um novo tempo de descobertas, de futurição. Um tempo de ser alegre com as muitas coisas da vida; um tempo para o não-querer fundado em uma motivação impulsionadora de outros horizontes.
Horizontes estes que podem ser sustentados em uma ética ou ainda, em valores que impulsionam o bem viver e o querer viver bem. Alegria por ver que as coisas podem dar certo. Uma perspectiva em que a alegria não se dissocia da certeza incerta - a pergunta que desinstala: como vai ser a vida daqui para frente? Será um tempo de mudanças? Sofrer ajuda a crescer? Crescer é olhar para além do que está posto? É buscar novos horizontes, outras possibilidades de vida na vida em curso? Vida que se descortina e faz pensar e olhar para o tempo de crescer; ver o que é crescer e como crescer; surpreender-se consigo, sentir orgulho com as coisas que consegue fazer e sobre como consegue fazê-las; uma existência agradecida por tudo que a própria vida lhe dá de presente.
 A vida é um acontecimento. Ela não está programada, definida a priori, determinada como autômatos. Enquanto possibilidade, pode ser carregada de companheirismo, de amizade, de presentificação do outro. É bom ter os amigos bem perto e é bom levar consigo, por onde for e onde estiver, a marca da presença dos fortes momentos de convivência. Essa marca do viver mais junto, do viver mais perto, do viver mais presente.
Uma marca que nos enche de esperança, que nos desafia a construir mundos melhores. Mundos carregados de uma intensa felicidade estampada num belo sorriso; num lindo olhar expressando o existir pertencido, a alegria, os sonhos. Os sonhos que parecem não dar conta do tempo que passa rápido; um tempo que já não permite ficar mais tempo juntos, um tempo que segue e que traz novas descobertas, novos espaços, novos horizontes. Horizontes marcados pelas metas que traçamos, pelos objetivos que almejamos alcançar.
A vida, como num caleidoscópio ou num turbilhão de acontecimentos, encontros e partidas, desejos e sonhos se faz mais vida quando temos metas, projetos, lutas. Quando buscamos ser mais e nos permitimos viver mais. Viver melhor. Uma vida desenhada e imaginada para ser grande.
Seguimos nossos caminhos com as marcas que se presentificaram: o riso, o brilho no olhar, o diálogo, a troca, o respeito, o companheirismo, a amizade, a alegria, o abraço. Isso nos torna mais humanos, isso nos fortalece enquanto pessoas que acreditam que tudo pode ser melhor; tudo pode ser diferente, tudo pode mudar. E a mudança vem com o exercício da dúvida instigante. A dúvida da dúvida que tantas vezes nos faz sair dos lugares de comodismo, de conforto e nos lançarmos na aventura do aprender mais, do saber mais. Fazer-se mais. Um saber-ser voltado a um saber-viver e um saber-sentir consigo, com os outros, com tudo que nos cerca.
Aprendemos a duvidar porque não nos consideramos prontos, acabados, finalizados. Somos esses seres em constante devir, em constante processo de tornar-se, por isso, não podemos nos dar como encerrados. Há muito que enfrentar, há muito que fazer para tornar-se, há muito para ser. Ser feliz, viver feliz, buscar a felicidade, descobri-la, encontrá-la, construí-la em cada passo, em cada gesto, em cada novo caminho trilhado. Essa felicidade que nos surpreende e nos faz mais gente, nos ajuda a nos surpreendermos com o simples e o complexo, com o incomum, o inesperado, o impensado. A vida é o maior motivo, a maior certeza de que tudo pode e deve ser melhor.

NOGUEIRA, Valdir.
dbNog. 

3 comentários:

  1. Maravilhosa inspiração para pensar o valor da autêntica Amizade: entrelaçamento entre pessoas que se amam e querem viver bem a vida, compartilhando sonhos, esperanças, fé, tristezas, lutas, trabalho, enfim impulsionando o estar-na-vida a ser sempre mais...

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  2. Compartilhamos vida no SER e ESTAR da co-existência. O Pensamento, a lembrança, a reflexão, o respeito, o diálogo, ainda que mudo, são formatos de uma intensa sintonia que não se rompe. Compartilhando VIDAS é o caminho que nutre nossa existência, como que, uma fonte inesgotável, não para de jorrar...quanto mais compartilhamos, mais abundante torna-se a VIDA vivida em cada tempo e espaço de convivência.
    Nobre e amado autor e co-autor da própria vida, carregue sempre juntinho de você, minha contemplação e admiração, não pelas palavras escritas, mas pela ousadia de viver o que escreve, ou melhor, pela ousadia de expressar em palavras o que realmente vive!

    Abraços

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