Invólucro indesejado. Ataduras que
não cedem. Produção do não-desejo. Espasmos melancólicos. Negligencia surreal,
anestésica, brutal. Campo minado da pulsão interna. Obscuro templo do medo. Calafrios
disseminadores do terror. Insano retorno. Depositário de putrefato odor. Suspiro
insistente. Arrependimento tardio. Para onde vai esse mar que não é meu? Para onde
corre esse rio que não quero navegar? Mumificação improvisada. Negação da
negação. Frivolidade. Infertilidade do tempo mortificante. Amarras construtoras
de límpidos jazigos. Inabitados espaços. Porões da vida comensal. Estado deformável.
Esqueces o que foi e negas o que és. Enterras o que podes ser. Envolvidos nesses
laços tirânicos. Bípedes que seguem desolados. Vida que se desintegra. A negação
carregada de pura ética. Volta pássaro que se perdeu. Tua árvore é outra, teu céu
espera-te. O tirânico tentáculo é mente persuadida. Tirania que mutila corpos
desrespeitados, desvalidos de seus Ethos.
Grito ensurdecedor. Esse tecido pegajoso que não cede; essas amarras que me
prendem. Boca de fauna carnívora. Veneno de réptil desconhecido. Mais um tempo,
uma espera. Involuntário retorno. Trágica investida. Produção do deserto
humano. Estado de penúria. Vagas de um lado para outro. Não sabes aonde queres
estar? Teu desejo é não desejar. Escolhe a catacumba. Pinta o penhasco mais
alto. Desmascara a inocência perdida, o semblante escondido. Não achas mais o
que já ficou nas fendas do passado. Um prenúncio. A reinvenção é negativação do
puro. Faz tuas podas. Retira as laminas dessa navalha. Fios que te envolveram. Faz
o corte necessário. Não te intimidas. Alinhava o espírito puro. Deixa fluir a
cor púrpura.
DbNog.
REFORÇO AS ÚLTIMAS FRASES: "ALINHA O ESPÍRITO PURO. DEIXA FLUIR A COR PÚRPURA"...
ResponderExcluirMagnifico, adorei todos os textos mas Invólucro é o melhor. Uma viagem que nos faz viajar, interessantíssimo, rico em detalhes e vocábulos curiosos, que nos faz lendo ficar esperando o resultado final de uma obra prima como esse texto.
ResponderExcluir"DEIXA FLUIR A COR PÚRPURA"