Galgar degraus. Subir e descer. Estar no alto. Sentir o chão. As escadas conectam dimensões. Elas produzem efeitos diversos, segundo o ponto de vista de cada um. Elas levam de um lugar para o outro. Transportam de um ponto ao outro. As escadas são muitas e muito diferentes. Para uns, elas são metáforas, para outros, analogias. Algumas são lineares, outras complexas. Algumas definem ambientes, outras definem vidas. Algumas seguem lógicas naturais, outras seguem a pura racionalidade. Para alguns, elas são apenas utilitários, para outros, são palcos de fortes acontecimentos. O que representa a escada para cada vivente, para cada existência fluída, nesse cosmo social e planetário? Talvez representem passagens, transgressões ou transcendências. As escadas, em cada forma, em cada lugar e contexto, são sempre possibilidades. Podem indicar de onde parte e para onde vai aquele que por ela passou. Passa-se por muitas escadas ao longo da vida. Nos diferentes tempos do existir, convive-se cotidianamente com elas. Estão em todos os lugares. Algumas, muito visíveis; outras, mais escondidas. Algumas delas quase imperceptíveis. Pelas escadas circulam universos imaginários, fantasias e ilusões. Nelas e com elas se podem fazer experimentos capazes de mudar o curso de uma vida. Escadas guardam registros históricos. Elas podem abrir frestas capazes de produzir recordações e sensações muito singulares. Muitas escadas emocionam. Outras compõem cenários de momentos únicos. Escadas enaltecem. São nobres. Com elas se vivem momentos de pura ludicidade, poesia e prosa. Vive-se o gozo da arte e da criação. Há certo poder que move esse artefato, essa moldura, essa construção sociocultural. As escadas promovem, sem querer, encontros e desencontros. Nelas a diversidade e a singularidade se misturam e se mesclam. Elas são híbridas. Passam pelas escadas, os sonhos, as possibilidades, as esperanças, os desejos, as vontades, os segredos, os mistérios do que existe e preexiste. Não importa o tamanho, a largura ou o material do que são feitas, as escadas fazem parte de estruturas e mundos muito específicos. Alguns passam pelas escadas cheios de intencionalidades, outros, completamente vazios, sem vida. As escadas são espaços carregados de afetos. Ajudam a pertencer, a presentificar-se.
Pós-escrito
As duas escadas que encontrei certo dia me possibilitaram pensar sobre como elas estão presentes em minha vida e também, sobre como estou no meu presente, no meu agora após ter passado por elas. Foi um momento único, numa tarde ensolarada.
NOGUEIRA, Valdir.
Db.Nog.
Garanto que por inúmeras escadas que passamos, as que mais marcam são as que nos emocionam, as escadas da vida.
ResponderExcluirEstamos subindo-as!!
Abraços, gui
Cada dia é um novo degrau.
ResponderExcluirSobre a foto:
Me chamou muito a atenção, uma vez que lembrei de uma escada de pedras enterradas no chão, que levavam à praia, aí em Barra Velha, na antiga cassa de praia do meu vô.
Pura sensação de nostalgia ao ler o texto.
Aquele abraço Valdir!
Nostalgia boa, Gui! Ainda mais quando lembramos dos avós.
ResponderExcluirAbraços!
Valdir, lindo pensar sobre essas escadas como presentificação da esperança!
ResponderExcluirtestanbdo
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